Grim Fandango

Eu não sou louca por jogos de computador. Sendo uma descoordenada nata e tendo reflexos bem ruinzinhos, a maior parte dos títulos do gênero não são muito interessantes para mim. Se eu tenho que ficar atirando, manobrando, guiando exércitos ou fazendo qualquer coisa que exija resposta rápida ou precisão milimétrica dos meus dedos, vou errar tudo e me frustrar. Então há poucos jogos que realmente me atraem e os que o fazem normalmente fogem dessa fórmula. E os meus grandes favoritos são The Sims e Grim Fandango.

The Sims é enormemente conhecido, com justiça. É muito gostoso de jogar, a história sempre muda (porque é você quem faz) e tem um monte de coisas legais para se inventar. Vicia, literalmente. Já vi briga em família por causa de The Sims.

Mas Grim Fandango é bem menos conhecido e eu não sei porquê. É genial. É um dos melhores jogos que eu já vi. É lindo, apesar de já ser antigo (foi lançado em 1996), os diálogos são muito acima da média, a história é super legal e o jogo não se parece com nada que eu já vi.


José Guadalupe Posada

Grim Fandango mistura o folclore mexicano com cinema noir. O visual é um mix de José Guadalupe Posada, elementos astecas e “Casablanca” e a trilha sonora combina música de mariachis com jazz de primeira. A história acompanha a história do protagonista, Manuel Calavera (Manny para os íntimos), um cara comum não fosse sua atual profissão: agente de viagens na Terra dos Mortos. Manny está morto e mortos estão todos os personagens, habitantes da Terra dos Mortos, o lugar que, segundo uma antiga crença mexicana, todos os que morrem devem atravessar, numa longa e difícil jornada, antes de encontrar o descanso eterno. Então porque não fazer isso de maneira confortável, num trem ou navio, por exemplo? Manny, portanto, vende pacotes de viagem para os ex-vivos. Quer dizer, apenas para as boas almas, que poderão até viajar de primeira classe. Pecadores incorrigíveis têm de ir a pé.


Manny Calavera, herói do jogo.

Mas há algo de podre na Terra dos Mortos. Os negócios de Manny não vão nada bem e logo ele começa a desconfiar que alguma coisa está errada. Logo, logo, esquemas de corrupção e chantagens vão se revelando à medida que Manny (e o jogador que assume seu papel) investiga, conhece mais personagens, resolve problemas e procura saídas.

Para mim, o maior mérito do jogo é um senso de humor fantástico (uma amostra de diálogo: “Oh, Manny... tão cínico... o que aconteceu com você, que te fez perder a alegria de viver?” “Eu morri”) e as charadas realmente desafiadoras que o jogador tem que decifrar. Algumas delas me levaram horas e horas e são realmente difíceis. Outras são mais fáceis e dão aquela sensação imediata de a-há!!


Uma cena do jogo. Os cenários de inspiração art déco são de babar.

Eu adoro esse jogo. Eu recomendo. E eu vivo me perguntando, por que droga ninguém mais fez um jogo assim?

Site oficial: http://www.lucasarts.com/products/grim/grim_spotlight.htm
Site dos fãs: http://www.grimfandango.net/