Bloqueio
A angústia de escrever, realmente, é coisa que não faz lá muito sentido. Se você tem a urgência de escrever, é lógico que tenha a urgência de escrever sobre alguma coisa. Por isso é tão estranha a vontade de escrever sem o assunto para acompanhar, é como ter vontade de comer sem ter fome. Muito esquisito. Talvez quando isso acontece é porque existe algum assunto preso no inconsciente, tentando sair, dando essa angustia que a gente não sabe o que é, porque o pensamento não consegue escapar e vir à tona. É a angustia de um pensamento se afogando.
Me lembro da explicação metafórica: o mergulho em águas profundas é o símbolo do mergulho no inconsciente, na mente que não nos permitimos acessar com freqüência. O perigo, sempre, é a pessoa não conseguir sair. Ficar para sempre presa dentro de si mesma, se afogando nos seus medos, desejos secretos, lembranças, pensamentos, símbolos. Sem nunca conseguir sair e respirar o ar fresco do pensamento alheio ou, ao menos, do alheamento do si próprio, essa coisa tão deliciosa. É muito bom, gostoso, agradável, quando conseguimos esse alheamento do inconsciente. Quem o definiu (ou inventou?) dizia que ele sempre nos acompanha, mas eu não acredito: há momentos em que o inconsciente está melhor ficando em casa, assistindo sessão da tarde, cochilando no sofá ou tomando sorvete no pote, enquanto a gente está fazendo umas besteiras, dando umas risadas, ignorando a existência de toda a nossa bagagem emocional, como se fossemos, sei lá, beagles ou canários.
Em momentos assim eu tenho vontade de ser uma contadora de histórias melhor. Queria ter mais facilidade para, como diz o Soares Silva, brincar com meus bonequinhos livremente. Eu era boa nisso quando criança, mas fui ficando mais fraca.... acho que fui ficando séria. Isso é bom, de certo modo, mas é também uma merda. Mas talvez não esteja tudo perdido... talvez eu ainda saiba como, só estou sem prática. Preciso tentar mais um pouco...
Me lembro da explicação metafórica: o mergulho em águas profundas é o símbolo do mergulho no inconsciente, na mente que não nos permitimos acessar com freqüência. O perigo, sempre, é a pessoa não conseguir sair. Ficar para sempre presa dentro de si mesma, se afogando nos seus medos, desejos secretos, lembranças, pensamentos, símbolos. Sem nunca conseguir sair e respirar o ar fresco do pensamento alheio ou, ao menos, do alheamento do si próprio, essa coisa tão deliciosa. É muito bom, gostoso, agradável, quando conseguimos esse alheamento do inconsciente. Quem o definiu (ou inventou?) dizia que ele sempre nos acompanha, mas eu não acredito: há momentos em que o inconsciente está melhor ficando em casa, assistindo sessão da tarde, cochilando no sofá ou tomando sorvete no pote, enquanto a gente está fazendo umas besteiras, dando umas risadas, ignorando a existência de toda a nossa bagagem emocional, como se fossemos, sei lá, beagles ou canários.
Em momentos assim eu tenho vontade de ser uma contadora de histórias melhor. Queria ter mais facilidade para, como diz o Soares Silva, brincar com meus bonequinhos livremente. Eu era boa nisso quando criança, mas fui ficando mais fraca.... acho que fui ficando séria. Isso é bom, de certo modo, mas é também uma merda. Mas talvez não esteja tudo perdido... talvez eu ainda saiba como, só estou sem prática. Preciso tentar mais um pouco...
4 Comments:
Um dia eu achei que as idéias estavam todas congeladas num poço. Como eu tinha que escrever, fiquei esfregando o gelo com uma toalha para ver se alcançava alguma. Não fui muito longe, mas, enxugando um pouco de gelo todos os dias conseguia vez ou outra libertar alguma idéia que me possuia. Mas quando passava muito tempo sem escrever vinha a chuva, e congelava tudo de novo.
Da última vez acordei diante de um poço cheio de idéias bem próximas da superfície. Mas eram tantas e tão fragmentadas que eu não consegui ligá-las. Simplesmente deixei que elas tentassem se achar. Talvez se tivesse escrito umas três páginas uma convergência teria surgido, mas não tive paciência. A chuva já tinha começado e estava muito frio.
i rest my case. para uma boa escritora, prefiro sempre perder.
"Não desça demasiado profundamente em si mesmo, para não encontrar a lama da melancolia, fundo de todos os pensamentos." - Rimbaud
Fernando Sabino conta a seguinte história: "Quando eu era menino, os mais velhos perguntavam: o que você quer ser quando crescer? Hoje não perguntam mais. Se perguntassem, eu diria que quero ser menino".
Talvez nem tudo esteja perdido. É apenas uma questão de pontuação...
Tenha um Feliz Natal, Alessandra!
Grande beijo!
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