Maternidade
Eu tenho medo, muito medo, de ter um filho. Agora ou em qualquer tempo. Não é medo da gravidez. Não é medo do parto. Nem medo da responsabilidade, que é suficiente para fazer a pessoa correr para se esconder na cama e cobrir a cabeça. Se fosse só isso, eu já começava a escolher o nome dos herdeiros.
Eu tenho medo é de virar Mãe. Não “mãe” apenas, Mãe. Mãe 24 horas, sete dias por semana, mãe tempo integral, sem espaço para a pessoa que não é mãe.
Eu tenho medo é de virar Mãe. Não “mãe” apenas, Mãe. Mãe 24 horas, sete dias por semana, mãe tempo integral, sem espaço para a pessoa que não é mãe.
Eu trabalho em um escritório grandinho, com muitas mulheres de várias idades e histórias. Eu olho a mesa das solteiras e sem filhos e vejo fotos de amigos, de namorados, de cachorros, de família. Fotos tiradas na balada, em viagens, comemorações ou tiradas apenas porque sim, em momentos de bobeira. Vejo lembranças de shows, de momentos legais, imagens de bandas preferidas. Aí olho as mesas das mães. E vejo fotos de filhos. Só. Às vezes um marido, mas quase sempre são crianças apenas. E uma imagem de santo.
Eu não quero ficar assim. Sei que posso não ficar, sei que esse medo já é uma pequena defesa, mas não consigo evitar. Lembro de ter visto uma vez uma piada maldosa dizendo que toda mulher que dá a luz imediatamente perde uns 10 pontos de QI. Essa piada me dá arrepios. Ainda mais quando eu vejo mulheres com filhos pequenos conversando. Adivinha o assunto preferido?
Posso algum dia engolir tudo isso. Não estou cuspindo para cima, não sei se algum dia eu venço esse medo e produzo um pirralhinho que eu vou amar mais que tudo. Mas hoje, eu só consigo ver as infinitas fotos de bebês. E tremer.
12 Comments:
adorei o nome do blog!
Abraços!
Essas mães que "cumprem sua função" esperam que os filhos também "cumpram suas funções" e assim todos serão felizes na sua alienação de máquinas sociais. Como isto tudo é ilusão, como não somos máquinas, o mercado da psicanálise e da psiquiatria terão seu futuro garantido.
Mas acho que tem saída, para quem não crê em contos de fadas.
Fala-se de amor. Amor tem mil definições. Esse é um daqueles assuntos que não adianta discutir. A discussão não é científica. Eu não sei o que é amor, muito menos amor de mãe. Falo do que não sei, mas vou arriscar uma teoria.
Acho que amor de mãe não seria menos amor de mãe se fosse livre; seria mais. Talvez naturalmente, entre outros animais, seja assim. Filhos que saem debaixo da asa dos pais mais cedo geralmente são indivíduos mais maduros, são melhores amigos; amam mais. Pais que estimulam esse desprendimento, que aceitam o fato de que os seus filhos não os pertencem, vivem melhor, e não amam menos. Amam mais - aos filhos e a si próprios - e provavelmente serão mais amados e respeitados. Amar é saudável. O problema todo é possuir e se deixar possuir; e nossa sociedade baseia-se nesses valores. Se um dia você produzir um pirralhinho que você vai amar mais que tudo, você não precisa deixar de ser você mesma, e ele vai amá-la mais por isso.
sabe existe um psicologo chamado winnicott que diz q temos q ser 'mães suficientemente boas'... saiba que compartilho TOTALMENTE do seu medo... um bjinho!
oi,
cheguei aqui pelo sindrome.
gostei da honestidade do post.
tambem ja senti isso. e forte.
mas liga não.
depois se tiver que engolir a gente engole.
e com gosto!
o que vale é a sinceridade do momento...
tudo de bom pra vc
alê querida !
ando meio assim assim com blogs, mas lá vai...
podia dizer um monte coisas -
que ser mãe é uma porrada , que a gente deixa mesmo um monte de coisas por causa dos filhos , que esse mundo tá uma merda (pra quê colocar mais inocentes pra sofrer ?), que a responsabilidade de verdade dói...
mas só me vem uma coisa na cabeça - imagina se a sua mãe pensasse assim ?
see you !
beijinhos
acho q não gosto mesmo de escrever em blogs...
Frase n'O Pasquim, 30 anos atrás:
Ser mãe é parecer nào ter juízo.
A única coisa que posso dizer é que eu também já pensei assim. Hoje, com duas filhas (20 e 12 anos), estou certa de que a maternidade me enriqueceu como ser humano. A sua visão atual é reducionista. Pense um pouco, será que todas as mulheres que se tornaram mães se limitaram? Por acaso você não conhece ninguém que conciliou a maternidade com outra atividade significativa?!!
Anônima, eu não sei como é a visão de dentro. Só conheço a de fora e é esse o aspecto que ela tem. Tenho certeza que ter filhos é maravilhoso e tal, mas talvez simplesmente não seja para mim. Porque, por mais fodona e independente que você seja, vai obrigatoriamente ter que deixar de fazer muita coisa para ser mãe. A minha visão de sem filhos que ama a própria liberdade é tão reducionista quanto a de uma mãe que ama os filhos incodicionalmente a acima de tudo. Nenhuma de nós é objetiva.
Acho que mesmo não querendo ser "Mãe", isso te incomoda, senão não escreveria sobre isso..certo? se estou certa vc ainda vai pensar bastante sobre o assunto..não sei quantos ano tu tem..mas acho que ainda, sem perceber, vai mudar de idéia, e aí vai ver que não é uma perda.Nada disso.
Não posso ir baladas todos os dias, mas nos dias que não temos para aonde ir, temos com quem ficar, amar, abraçar, se encher de felicidade com suas risadinhas e se surpreender com a inteligência de nossos filhos e nossas semelhanças... assistir desenho e tb torcer para que sejam mais seguros, confiantes, fortes e tudo de bom mais que nós.
Sei que isso em parte depende muito das mães, por isso não acho que seja fácil, mas tb depende do modo como vc vê as coisas.
Nadhi, 23 anos, ama a liberdade, é independente e ama muito sua filha
Olá
acho que um dia vais perceber que não podemos ter tudo.De facto ter filhos é uma prova máxima à nossa capacidade de amar. O QI das mulheres não desce em nada, pelo contrário são obrigadas a descobrir mil e uma formas de ultrapassar situações desconhecidas na hora e tornam-se mais desenvoltas,mais criativas.Normalmente andam mais cansadas e não conseguem ter o ritmo que uma pessoa sem filhos tem, isto depende também se a mãe tem apoios familiares.Tudo o que abdico em prol da minha filha não trocaria. Às vezes penso que tinha mais liberdade antes de a ter para fazer o que me apetecia namorar, estar com amigos e até me sentia mais atraente e mais sexy , depois olho para ela e fico aravilhada.Não trocaria um único minuto passado com a minha filha por todos os momentos antes de a ter.Não deixei de ser quem sou.Saio com amigos, escrevo por hobbie, falo muito da minha filha, sim é o meu tema favorito.Mas também sei falar e outras coisas, inclusivé por isso mesmo tenho dois blogs separados: o de mamã e que é este, e o Sopa de Letras a que eu chamo o meu alter ego de mulher. Cada pessoa tem a sua forma de encarara maternidade. Às vezes o tempo que temos para ser mães também depende do apoio familiar que temos . Mas acredita que a maternidade não é aquilo que descreves.Pelo menos se tu não quiseres ser assim.Só depende de ti.Aliás há psicólogos que defendem que mães que têm uma vida própria têm crianças mais felizes.Se um dia fores mãe vais perceber como tudo aquilo que valorizaste tanto, não tem o mínimo valor perto do milagre de gerar uma vida e ajudá-la a ganhar asas. A Vida é assim mesmo e não é só com a maternidade,abdicamos de umas coisas , para termos outras e temos de aprender a ser felizes com as nossas escolhas.
oi alessandra!1 parabéns pelo seu não blog, adorei sua sinceridade!
muitas mulheres tem esse mesmo medo mas tem ainda mais medo de dizer que temem ser mães. Sou mãe de uma bebê de 4 meses e tá difícil conciliar minha vida como Aline e como mãe. Até fiz um blog sobre o assunto pra tentar achar ajuda!! Dá uma passada lá depois- www.maeoumulher.blogspot.com e veja também o lado de quem se arriscou.
existem mulheres que não querem ser mães e tem aquelas que nem deveriam tentar porém há aquelas que, por terem medo da materndade, serão melhores mães e mulheres. Tenho certeza que se vc mudar de idéia vc será assim.
um super abraço e espero sua visita!!
Eu também morro de medo. Sabe, parece ki a gente vai parar de viver a própria vida pra viver em função de outro ser. Eu não consigo me imaginar fazendo isso.
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