sexta-feira, agosto 12, 2005

O dia de não-fúria

Acabo de parar de trabalhar para escrever. No meio do que estava fazendo, uma espécie de checagem, coisa rotineira, burocrática e chata, mas que requer bastante atenção, me deu um tédio enorme. Me veio na cabeça, agora mesmo: “porque diabos eu tenho que me importar em garantir que um empresa enorme e lucrativa não dê uma leve sacaneada, de alguns poucos milhares de reais, em um outra empresa ainda maior e mais lucrativa? Porque eu tenho que passar preciosas horas do meu dia (que aliás está lindo, céu azul e limpo e um ventinho frio, do jeito que eu mais gosto) pensando em miudezas corporativas.

A resposta é fácil. Porque sou paga para isso, razoavelmente bem paga até, considerando a média que se paga para estagiários, mais ainda se comparar com a média de estagiários de comunicação, que freqüentemente não ganham nem o almoço. Faço isso também porque eu sei que o nome da enorme e lucrativa empresa vai ficar lindo no meu currículo, ainda curto; vai me dar uns contatos interessantes e um pouco mais de savoir faire profissional, coisa que hoje em dia nunca é demais.

Mas também tem a resposta difícil. A mais profunda. Que diz que eu estou aqui, me importando com uma parcela ínfima do dinheiro dos outros porque não tenho coragem de ir fazer outra coisa. Não tenho peito para, idealisticamente, mandar a grande empresa à merda e ir fazer o que eu gostaria, apesar de eu não ter muita certeza do que isto seria.

3 Comments:

Blogger Gabriel said...

É o capitalismo selvagem. Ou o paradoxo imperfeito complexo com a teoria da relatividade. Viva la revolución!

8:19 PM  
Blogger quem é Tati ? said...

esse mundo capitalista.. gostei do seu não blog.. não diário ,,, volto para continuar lendo.

1:13 PM  
Anonymous Anônimo said...

Oi!

Concordo contigo, a gente se mata pra ter um nome no currículo mas sempre tem uma vontade de chutar o balde e gritar com o chefe.

Peraí!
Eu já grito com o chefe :)

11:19 PM  

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