Sem Título
Algumas coisas podiam mudar. Só algumas coisas.
Algumas coisas podiam mudar... só algumas coisas...
Quais?
A peça me deixou na cabeça a frase. A pergunta foi conseqüência. Porque se eu desejo que algumas coisas mudem, só algumas coisas, será que tenho direito de escolher quais? Ou será que tenho que aceitar as mudanças que o destino me impuser, já que eu não batalhei nenhuma mudança, apenas chamei por elas?
E se vierem todas as mudanças erradas? E se ao invés de achar um emprego melhor, melhorar a relação com a minha mãe, achar um apartamento mais legal e fazer amigos que me tirem da frente do computador, onde mora meu duplo, eu perca o emprego, minha mãe morra, apareça uma infiltração no banheiro bem quando o aluguel estiver dois meses atrasado e eu fique tão dependente do duplo a ponto de perguntar se não sou eu quem é virtual?
Mudanças são assustadoras. Porém a repetição eterna das coisas tira as referências das nossas vidas, que, sem eventos que identifiquem os momentos distintos, parece a eterna projeção do mesmo filme, o filme do nosso dia, sempre igual, sempre igual. As únicas referências da passagem do tempo se tornam a marca da nossa cadeira na parede, cada dia mais funda, e as pequenas rugas que vão lenta, vagarosamente, brotando do interior da pele, nos cantos dos olhos.
Olhando por esse lado, a idéia da mudança parece menos assustadora.
Algumas coisas podiam mudar... só algumas coisas...
Quais?
A peça me deixou na cabeça a frase. A pergunta foi conseqüência. Porque se eu desejo que algumas coisas mudem, só algumas coisas, será que tenho direito de escolher quais? Ou será que tenho que aceitar as mudanças que o destino me impuser, já que eu não batalhei nenhuma mudança, apenas chamei por elas?
E se vierem todas as mudanças erradas? E se ao invés de achar um emprego melhor, melhorar a relação com a minha mãe, achar um apartamento mais legal e fazer amigos que me tirem da frente do computador, onde mora meu duplo, eu perca o emprego, minha mãe morra, apareça uma infiltração no banheiro bem quando o aluguel estiver dois meses atrasado e eu fique tão dependente do duplo a ponto de perguntar se não sou eu quem é virtual?
Mudanças são assustadoras. Porém a repetição eterna das coisas tira as referências das nossas vidas, que, sem eventos que identifiquem os momentos distintos, parece a eterna projeção do mesmo filme, o filme do nosso dia, sempre igual, sempre igual. As únicas referências da passagem do tempo se tornam a marca da nossa cadeira na parede, cada dia mais funda, e as pequenas rugas que vão lenta, vagarosamente, brotando do interior da pele, nos cantos dos olhos.
Olhando por esse lado, a idéia da mudança parece menos assustadora.
2 Comments:
Lembrei da última crônica do Sabino: assim eu quereria o meu último poema...no final, o seu e o dele foram iguais. Terminaram nos olhos.
O cínico diria que é preciso que tudo mude para continuar igual. O otimista diria que toda mudança é para a melhor. E eu diria que superar o medo de mudar é a maior vitória, porque "quero ser o perdedor que ganha de seu medo". E porque "alguma coisa temos que sacrificar".
Adorei seu comentário. Nunca tinha pensado em espelhos com tamanha profundidade! Obrigado, me deu uma idéia prum conto! Muito obrigado mesmo!
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