Bonsai
Bonsai, como quase todo mundo sabe, são árvores que são cultivadas em bandejas ou potes para se manterem sempre pequenas. Elas podem viver muitos anos se bem cuidadas e quanto mais velhas, mais valiosas. Aliás, no caso do bonsai, não é suficiente que ele seja velho: tem que parecer velho. Quanto mais centenário o seu aspecto, quanto mais cheio de nós, de rachaduras, de raízes grossas acima da superfície e galhos vergados pelo próprio peso, mais bonito e precioso o bonsai será.
Decidi que vou tentar usar essa mesma filosofia a respeito do meu próprio corpo, conforme eu envelhecer. Ao invés de pensar a coisa toda como uma decadência, vou pensar como um aperfeiçoamento. De fato vou perder mobilidade, vigor, agilidade, entre outras coisas que hoje são naturais para mim. Mas a arvorezinha também perde a flexibilidade, fica mais rígida, menos adaptável.
Vou tratar de curtir cada ruga que aparecer, cada mudança de forma e de cor que eu notar. Vou me enxergar como uma obra do tempo. O tempo estará indiferente aos meus planos ou desejos, isso por um lado é cruel. Mas ele em troca vai esculpir meu corpo para torná-lo cada vez mais complexo, mais cheio de detalhes e entalhes, vai me obrigar a reduzir meus movimentos excessivos e desgastantes ao mínimo, vai tornar meu ritmo mais lento e meus sentidos mais suaves. Assim, cada movimento meu será cuidadoso e mínimo, como a dança mais sutil e mais perfeita, ao mesmo tempo que as rugas na minha pele desenharão uma renda finíssima sobre os contornos agora muito suaves e delicados do meu corpo envelhecido. Pretendo envelhecer me vendo assim, como escultura do tempo, não vítima dele.
Decidi que vou tentar usar essa mesma filosofia a respeito do meu próprio corpo, conforme eu envelhecer. Ao invés de pensar a coisa toda como uma decadência, vou pensar como um aperfeiçoamento. De fato vou perder mobilidade, vigor, agilidade, entre outras coisas que hoje são naturais para mim. Mas a arvorezinha também perde a flexibilidade, fica mais rígida, menos adaptável.
Vou tratar de curtir cada ruga que aparecer, cada mudança de forma e de cor que eu notar. Vou me enxergar como uma obra do tempo. O tempo estará indiferente aos meus planos ou desejos, isso por um lado é cruel. Mas ele em troca vai esculpir meu corpo para torná-lo cada vez mais complexo, mais cheio de detalhes e entalhes, vai me obrigar a reduzir meus movimentos excessivos e desgastantes ao mínimo, vai tornar meu ritmo mais lento e meus sentidos mais suaves. Assim, cada movimento meu será cuidadoso e mínimo, como a dança mais sutil e mais perfeita, ao mesmo tempo que as rugas na minha pele desenharão uma renda finíssima sobre os contornos agora muito suaves e delicados do meu corpo envelhecido. Pretendo envelhecer me vendo assim, como escultura do tempo, não vítima dele.
9 Comments:
Lindo post, Alessandra! e muito petinente, que tod@s aprendamos com os bonsai :-)
Ah... sei lá... meu pai, aque adora plantas, detesta bonsai. Diz que é a maior crueldade com a arvorezinha. Uma vez ele disse para mim, imagina só você, querendo crescer, subir e aí vem alguém e te amarra, te corta, te poda... Olha, acho q temos que aprender a envelhecer sim, e a aceitar os limites do tempo. Mas nem por isso a gente deve se render à ele... e tb se podar e se "amarrar" para esperar chegar o fim. Não sou neurótica... alias, adoro uma junk food e dormir à tarde é comigo mesma. Mas tento me cuidar... quero me tornar uma velhinha simpática e feliz... não toda retorcida pelo tempo...
Marcia, a gente também não gosta de muitas coisas que acontecem com a gente, mas fazemos como os bonsais: ou nos adaptamos, ou murchamos. Temos tanto controle sobre o tempo quanto a arvorezinha tem sobre o jardineiro. Eu falo mais sobre a atitude frente ao envelhecimento do que sobre o envelhecimento em si, já que retardá-lo ou impedi-lo é uma ilusão. Nós só podemos tentar nos fazer mais fortes para ir mais longe.
Não serás uma mulher de plástico! Então tá então. Belo post!
É uma atitude sábia aceitar o envelhecimento, que, se implica perdas por um lado, por outro, traz ganhos significativos. Eu, pessoalmente, odeio essa coisa ocidental (e brasileira principalmente!) de desvalorizar a maturidade em favor da juventude, como se só houvesse pontos positivos numa fase e na outra não. De qualquer modo, devemos nos preparar para sermos velhos felizes: produtivos, saudáveis e dentro do possível, bonitos, por que não?
Sua comparação é muito interessante e bem ponderada. O fato da pequena árvore tentar crescer e ser podada pelo jardineiro, também revela o que nos acontece durante a vida em sociedade. Mesmo assim, a pequena planta sobrevive. Gostei da imagem do texto.
concordo. espero envelhecer assim tb.
Very nice site!
» »
É mas demora.
Eu queria ser capaz disso, mas ao primeiro sinal de ruga, eu sinto vontade de passar o rosto a ferro.
Porque eu me sinto como se tivesse 15 anos (dizem que o primeiro sinal de senilidade é achar que é jovem).
Postar um comentário
<< Home