Sério, alguém por favor abre a janela.
Ando ocupada com um problema filosófico, mas ao mesmo tempo prático (e não deveria ser sempre assim? Lin Yutang diz que para os filósofos chineses, a filosofia só faz sentido se for prática, só vale a pena se tentar responder a pergunta “como devemos viver?”). Mas voltando. Qual o limite entre a chatice e a responsabilidade? Qual o limite entre o romantismo saudável e a inconseqüência?
A partir do final da minha adolescência, eu entrei numa obsessão de responsabilidade. Fiquei obcecada com a idéia da adultescência: eu queria a autonomia, a independência, e mais que tudo eu queria respeito. Meu maior objetivo se tornou, sei lá porque, que as pessoas olhassem para mim e pensassem “aí está uma pessoa que sabe cuidar de si própria”. E fui atrás disso, fazendo um esforço enorme para ser perfeccionista, ambiciosa, séria, sistemática. É estranho admitir, mas eu ainda tenho isso. Eu me sinto realmente humilhada quando, por exemplo, eu perco um prazo, esqueço de fazer algo importante que me pediram, troco uma data. E acontece, quem me conhece bem sabe; fazer tudo certo, e estar atenta, e lembrar das coisas, isso tudo me custa muito. Não é como se fosse um jogo, ou um tipo de aprimoramento espiritual todo zen . É guerra.
Isso não é realmente tão mau quanto parece. Ninguém no mundo deveria ser aéreo do jeito que eu era aos 14 anos. Deixa as pessoas em volta malucas, e é bem sofrido. Porque enquanto a pessoa está lá, nos seus pensamentos aéreos, ok. Mas quando ela precisa voltar para o mundo e acompanhar o que os outros estão fazendo, já perdeu metade da conversa e vai demorar muito para descobrir o que está acontecendo, se descobrir. Eu já melhorei MUITO e agora realmente já consigo fazer sem problema coisas como tirar um documento, trabalhar como gente, manter minhas contas em ordem. Todas essas coisas úteis.
Mas, bom. Eu estou virando uma control freak. Eu, logo EU, estou perdendo a capacidade de relaxar. Os músculos dos meus ombros estão permanentemente rígidos, mesmo que eu tenha passado a tarde lendo no sofá ou vendo reprises de séries na TV. Tenho passado um tempo não-saudável pensando obsessivamente sobre o futuro, o que vai ser da minha vida e tudo que pode dar errado se eu fizer uma escolha ruim, e tentando encontrar maneiras de blindar minha vida para que nada nela seja incontrolável.
Preciso realmente parar com isso, porque está começando a ficar um tanto abafado aqui.
9 Comments:
O equilíbrio vem com a idade. Depois q vc descobre q as coisas mais importantes de tua vida acontecem em tua ausência, vc relaxa. Bem mais tarde, claro, a gente perde o equilíbrio físico; mas isso é outra história.
Seu post me lembrou "Person at the Window", de Dali. O que afinal tanto assusta no tal "incontrolável"?
Permafrost, espero mesmo que sim, mas o que eu faço nesse meio tempo?
Ué alana, o fato de que eu não controlo ele! ;-)
"o que eu faço nesse meio tempo?"
Não sei. A vida tem fim; não tem finalidade. Acho q a única resposta aceitável é "faz só o q te diverte, dá lucro e ensina." Se eu voltasse a ser jovem, é isso q eu tentaria.
"A vida tem fim, não tem finalidade"...caramba, faz tempo que não ouço palavras tão sábias...
Mas se o que me diverte não dá lucro?!
Caio, faz só o que 1) te diverte, 2) dá lucro, 3) ensina. Três coisas diferentes.
adorei o título do post..
realmente eu passei por isso e vejo alguns adolescentes com essa mania de fazer "um esforço enorme para ser perfeccionista, ambiciosa, séria, sistemática"..
parece que a sociedade sempre tá cobrando isso da gente, e perdemos um pouco daquela espontaneidade tão gostosa dos tempos de criança
adorei o texto
é aquela velha lição que parece que agente nunca aprende: "não leve a vida tão a sério!"
abraço
Este comentário foi removido pelo autor.
Yoh Asakura disse:
"Eu não me esforçarei para fazer algo impossível. Não existe nada mais difícil e importante do ser você mesmo"
Se você se esforçou para se tornar alguém para a sociedade, seria interessante refletir sobre quem você realmente deseja ser para você mesma. Seja você mesma para você mesma e o mundo sem arrependimentos.
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