Quarter-life crisis, já ouviu falar? Acho que não, espero que não. É uma chatice que acomete gente de vinte e poucos anos que pensa demais e está sempre angustiada com a vida. Como eu. Tem gente que acha um glamour baudelairiano na coisa toda, porque deixa a gente com um ar de ennui romântico, mas para falar a verdade não é muito divertido, não. É só chatinho, e tem um gosto um pouco amargo. Parecido com a sensação que a gente tem quando está numa festa meio chata onde não conhecemos ninguém direito, mas temos que ser simpáticos e fazer cara de interessados quando alguém fala alguma coisa e dar respostas atenciosas, até chegar num ponto em que a gente precisa procurar um canto, um quarto vazio, um banheiro menos movimentado, qualquer lugar em que não tenha ninguém exigindo simpatia para se abastecer de um pouco de solidão e descansar os músculos do rosto. A pior parte é que às vezes dá a impressão que a sensação vai durar para sempre e o resto da sua vida vai ser uma festa chata onde você precisa fazer social.
Calma, não é sempre assim. Não o tempo todo, só na maior parte do tempo. Fique tranqüilo que eu não vou ficar falando disso, já disse que acho uma chatice, daqui a pouco passa. Ajuda se você pedir mais uma cerveja e der uma mordida, de leve, aqui na curva do meu pescoço e ficar vendo eu me torcer toda de cócegas.