sexta-feira, maio 30, 2008

Censores

Já reparam como é comum no Brasil que, diante de alguma coisa desagradável, mas que não chega a ser ilegal (um programa de TV de mau gosto – fui meio redundante, não? - uma declaração absurda de alguma figura pública, uma manisfestação por uma causa idiota), a primeira reação das pessoas seja balançar a cabeça e dizer, num tom de voz paternal, que “isso devia ser proibido”? E sou só eu que fico muito assustada cada vez que escuto isso?

Realmente, cada povo tem o governo que merece.

sábado, maio 24, 2008

Sério, alguém por favor abre a janela.

Ando ocupada com um problema filosófico, mas ao mesmo tempo prático (e não deveria ser sempre assim? Lin Yutang diz que para os filósofos chineses, a filosofia só faz sentido se for prática, só vale a pena se tentar responder a pergunta “como devemos viver?”). Mas voltando. Qual o limite entre a chatice e a responsabilidade? Qual o limite entre o romantismo saudável e a inconseqüência?

A partir do final da minha adolescência, eu entrei numa obsessão de responsabilidade. Fiquei obcecada com a idéia da adultescência: eu queria a autonomia, a independência, e mais que tudo eu queria respeito. Meu maior objetivo se tornou, sei lá porque, que as pessoas olhassem para mim e pensassem “aí está uma pessoa que sabe cuidar de si própria”. E fui atrás disso, fazendo um esforço enorme para ser perfeccionista, ambiciosa, séria, sistemática. É estranho admitir, mas eu ainda tenho isso. Eu me sinto realmente humilhada quando, por exemplo, eu perco um prazo, esqueço de fazer algo importante que me pediram, troco uma data. E acontece, quem me conhece bem sabe; fazer tudo certo, e estar atenta, e lembrar das coisas, isso tudo me custa muito. Não é como se fosse um jogo, ou um tipo de aprimoramento espiritual todo zen . É guerra.

Isso não é realmente tão mau quanto parece. Ninguém no mundo deveria ser aéreo do jeito que eu era aos 14 anos. Deixa as pessoas em volta malucas, e é bem sofrido. Porque enquanto a pessoa está lá, nos seus pensamentos aéreos, ok. Mas quando ela precisa voltar para o mundo e acompanhar o que os outros estão fazendo, já perdeu metade da conversa e vai demorar muito para descobrir o que está acontecendo, se descobrir. Eu já melhorei MUITO e agora realmente já consigo fazer sem problema coisas como tirar um documento, trabalhar como gente, manter minhas contas em ordem. Todas essas coisas úteis.

Mas, bom. Eu estou virando uma control freak. Eu, logo EU, estou perdendo a capacidade de relaxar. Os músculos dos meus ombros estão permanentemente rígidos, mesmo que eu tenha passado a tarde lendo no sofá ou vendo reprises de séries na TV. Tenho passado um tempo não-saudável pensando obsessivamente sobre o futuro, o que vai ser da minha vida e tudo que pode dar errado se eu fizer uma escolha ruim, e tentando encontrar maneiras de blindar minha vida para que nada nela seja incontrolável.

Preciso realmente parar com isso, porque está começando a ficar um tanto abafado aqui.

sábado, maio 03, 2008

Errado


Você conhece a sensação, não conhece? Ah, conhece sim. A vergonha, o choque. E a culpa, puts, a culpa é de matar. A gente se sente tão fraco, tão patético. E ao mesmo tempo, dá o maior barato. Tudo isso porque a pessoa se apaixonou por quem não devia.

Eu não falei que você conhecia a sensação? Quase todo mundo conhece. Não, veja bem, não estou falando de amor impossível, gostar de quem não gosta da gente. É outra coisa. Estou falando de gostar de quem é indigno da gente, ou de alguém que simplesmente é encrenca. Como o chefe. A estagiária. Ou aquele cara meio mulherengo. A colega de trabalho casada. O namorado da amiga. Aquela mulher completamente desequilibrada, que você sabe que vai te ligar bêbada, de madrugada. O ex-namorado canalha da sua prima. A amiga doida da sua noiva. O colega irreversivelmente gay. Os exemplos são infinitos, um pior que o outro.

Sempre que eu vejo alguém nessa situação, alguém que simplesmente caiu na coisa de bobo, admito que morro de pena. É um sofrimento real quando a gente percebe que se apaixonou pela pessoa errada, na hora errada e – a pior parte, quando é o caso – pelos motivos errados. É nesses momentos em que se apaixonar é o oposto do que deveria ser e ao invés de deixar a gente flutuando, achando tudo lindo e sonhando acordado, faz com que a gente se sinta culpado, paranóico e infeliz.

Na maioria das vezes acaba mal, na melhor das hipóteses com um pouco de drama do tipo ridículo. Uma amizade rompida, um caso que termina mal-resolvido, uma briga que por pouco não chega às vias de fato. Em casos extremos, divórcio, falência, um processo, um crime.