quarta-feira, dezembro 21, 2005

Bloqueio

A angústia de escrever, realmente, é coisa que não faz lá muito sentido. Se você tem a urgência de escrever, é lógico que tenha a urgência de escrever sobre alguma coisa. Por isso é tão estranha a vontade de escrever sem o assunto para acompanhar, é como ter vontade de comer sem ter fome. Muito esquisito. Talvez quando isso acontece é porque existe algum assunto preso no inconsciente, tentando sair, dando essa angustia que a gente não sabe o que é, porque o pensamento não consegue escapar e vir à tona. É a angustia de um pensamento se afogando.

Me lembro da explicação metafórica: o mergulho em águas profundas é o símbolo do mergulho no inconsciente, na mente que não nos permitimos acessar com freqüência. O perigo, sempre, é a pessoa não conseguir sair. Ficar para sempre presa dentro de si mesma, se afogando nos seus medos, desejos secretos, lembranças, pensamentos, símbolos. Sem nunca conseguir sair e respirar o ar fresco do pensamento alheio ou, ao menos, do alheamento do si próprio, essa coisa tão deliciosa. É muito bom, gostoso, agradável, quando conseguimos esse alheamento do inconsciente. Quem o definiu (ou inventou?) dizia que ele sempre nos acompanha, mas eu não acredito: há momentos em que o inconsciente está melhor ficando em casa, assistindo sessão da tarde, cochilando no sofá ou tomando sorvete no pote, enquanto a gente está fazendo umas besteiras, dando umas risadas, ignorando a existência de toda a nossa bagagem emocional, como se fossemos, sei lá, beagles ou canários.

Em momentos assim eu tenho vontade de ser uma contadora de histórias melhor. Queria ter mais facilidade para, como diz o Soares Silva, brincar com meus bonequinhos livremente. Eu era boa nisso quando criança, mas fui ficando mais fraca.... acho que fui ficando séria. Isso é bom, de certo modo, mas é também uma merda. Mas talvez não esteja tudo perdido... talvez eu ainda saiba como, só estou sem prática. Preciso tentar mais um pouco...

segunda-feira, dezembro 19, 2005

Despedida

O sofrimento de ver uma pessoa que amamos partir não é nada comparado com a dor dessa pessoa de sentir a própria vida minguar, tendo que se despedir definitivamente de tudo que ama, sentindo medo, tristeza e solidão. Mas todos sofrem juntos da mesma sensação de impotência.

Por essas e outras que eu não consigo acreditar em Deus.

quinta-feira, dezembro 15, 2005

Amor X Paixão


Digo com conhecimento de causa: amor e paixão são coisas muito diferentes. Amar é bom, lindo, maravilhoso. Estar apaixonado é horrível e eu não desejaria para o meu pior inimigo.

Compare. Amor é paz. Paixão é conflito. Amor é alegria, paixão é sofrimento. O amor constrói, a paixão destrói. A paixão é cega, o amor é só meio míope. Amor engorda, paixão emagrece. Amor dá sonhos lindos, paixão não deixa a gente dormir. Amor liberta, paixão escraviza.

O amor faz a gente querer produzir, conquistar mil coisas, aprender coisas novas para trocar lições de vida com a pessoa que se ama. A paixão é egoísta e burra: só se interessa pelo seu objeto e só para ele vive. O amor incentiva a doação, o perdão. Já a paixão é egocêntrica e vingativa, vai atacar com unhas e dentes o que estiver no seu caminho. Quem ama e sofre não aponta culpados por seu sofrimento, não acusa e não odeia. São os apaixonados que cometem os crimes passionais, perseguem, se humilham, dão escândalo.

O amor é bom porque é a constatação de que aquela pessoa tão especial torna sua vida mais alegre, mais interessante e torna também as dificuldades mais fáceis de serem superadas. Ele nos torna mais calmos, mais serenos, mais otimistas. Sabemos que o ser amado não é perfeito nem nunca vai ser e não exigimos dele a perfeição. Amor é aceitação.

A paixão é ruim porque nos faz acreditar que a vida sem aquela pessoa não vale a pena ser vivida (e isso nunca é verdade). É uma espécie de loucura, uma idéia fixa que destrói a auto-estima e o equilíbrio do apaixonado. Ela nos impede de enxergar os defeitos e a humanidade da outra pessoa e nos faz acreditar que ela será a solução de nossos problemas e a chave de nossa felicidade. Paixão é idealização.

quinta-feira, dezembro 08, 2005

O Tamanho dos Sentimentos

Engraçado como os sentimentos grandes doem. Os ódios épicos, os amores infinitos, as imensuráveis tristezas, as alegrias explosivas... sempre doem, mesmo quando são sentimentos bons. Atingem quem os sente como uma pedrada, invadem, dominam, nem que seja por um instante, mas de forma tão completa que um único momento de plenitude de um desses sentimentos muda uma pessoa para sempre.

Já os pequenos sentimentos diários agem diferente. As pequenas invejas, as satisfações de momento, os ciúmes mesquinhos, a luxúria cotidiana, todas essas sensações nos ocupam apenas superficialmente e somem num minuto. São parte integrante de nós, mas só se alteram a medida que nós mudamos. Fazem a diferença no longo prazo: amontoam-se para se transformarem em embriões de algo maior.

domingo, dezembro 04, 2005

Blogs de vida fácil

Quem está fazendo todo esse escândalo por causa de Bruna Surfistinha com certeza não sabe que existem profissionais mais talentosas por aí.