terça-feira, junho 27, 2006

Inveja é uma coisa feia


Um dia ainda vou entender porque as pessoas se consideram tão invejadas. Vá procurar no orkut e veja como existem um milhão de comunidades no estilo “Sua inveja faz a minha fama”, "Não gosta de mim, é inveja", "Tá com inveja entra na fila", etc, cheias de pessoas de beleza média, riqueza média e inteligência (quase) média, se acreditando mais invejadas que alguém que ganhou sozinho na Megasena. Impressionante.

Isso não deveria me incomodar. Se uma pessoa tem tanto amor-próprio que acha o simples fato de ela ser quem é motivo para que todo mundo tenha inveja e lamente sua própria vida, bom para ela, que deve ser muito feliz. O problema é que na maioria das vezes, eu tenho justamente a impressão inversa. Vejo todas aquelas meninas (a maioria é sempre mulher, sei lá porque) sorrindo, sorrindo sempre, uma foto bem boa onde elas estão arrumadas e maquiadas e com a chapinha em dia e, não sei, não consigo acreditar em tanta felicidade. Não imagino uma pessoa genuinamente feliz exibindo sua felicidade desse jeito, como se fosse um carro novo. E principalmente, não imagino uma pessoa feliz sempre olhando em volta, reparando em quem está olhando com cara de olho-gordo para a sua felicidade. Estranho demais que a Mirtes da contabilidade coloque um monte de amuleto na baia quando penso que ninguém que eu conheço gostaria de ser a Mirtes. Nada contra essa hipotética Mirtes, talvez ela seja mesmo feliz e espero que todas as Mirtes e Cleides e Mônicas sejam muito felizes. Mas desconfio.

Acho que essas pessoas tão temerosas da inveja estão é loucas para serem invejadas. Como boa parte dos homens, que não vão achar graça numa mulher que os amigos todos achem feia mesmo que ela seja a Monica Belucci, essas pessoas precisam sentir ou fingir que os outros querem muito a vida que elas têm, que é algo muito especial que as torna pessoas fantásticas e únicas e melhores e mais felizes que as outras. Só assim elas mesmas se convencem disso. Do contrário, talvez se matassem. Afinal, é bem melhor ser alvo de inveja que de pena.

quarta-feira, junho 14, 2006

Bobo?

Eu leio um jornal inteiro, de uma ponta à outra, só para perceber que a parte mais interessante, informativa e inteligente está na seção de quadrinhos. Realmente, o bobo da corte é o homem mais livre do reino.

quarta-feira, junho 07, 2006

Você é grande, mas não é dois!

Ontem Donald Rumsfeld, secretário de defesa dos EUA, tomou um carão público do ministro da defesa da Indonésia. Juwono Sudarsono, numa coletiva de imprensa que deveria ser meio chapa branca, disse que "a respeito de aplicação de medidas de segurança, incluindo leis anti-terrorismo, é melhor que vocês [o governo americano] deixem a responsabilidade de medidas antiterroristas para o governo local em questão". Isso seguido de uma delicada explicação, dizendo como isso é importante para a Indonésia, que é o maior país muçulmano do mundo e portanto observa uma percepção crescente em vários países e culturas que os EUA têm enfiado com muita freqüencia o nariz onde não foi chamado. Percepção causada pela sensação de ameaça que o poderio econômico e militar americano provoca em vários grupos no mundo todo.
No fim, Sudarsono, que é o primeiro ministro da defesa civil na história do país, disse que apenas vai assinar o acordo que dá liberdade aos EUA de sair procurando armas e "materiais sensíveis" em caratér temporário e quando for do interesse da Indonésia. Ouch.
Muitas pessoas falam que a política externa americana recente é imoral. Eu não vou tão longe, apesar de ter certeza que imoralidades foram cometidas. É apenas um governo cuidando do que acredita ser o interesse de seu país. O problema é que está tudo errado. Boa parte do poder americano se deve ao fato dos governos de outros países acharem que valia a pena se aliar à superpotência em questão. Mas se continuarem a serem tratados como mulher de malandro, sendo ignorados em suas posturas políticas e coagidos a sempre aceitarem as condições dos EUA, sem nunca serem ouvidos nas suas, vão começar a ser perguntar que diabos estão fazendo ali. Vão se distanciar, vão reclamar mais nas negociações, vão deixar de garantir apoio em organizações internacionais. Os EUA perderão um apoio que, mesmo não sendo vital, faz muita diferença.
O poder militar dos EUA é grande, mas é um só.
A história completa e uma análise melhor que a minha estão aqui.