Sempre sofro para escrever. Sempre, todas as vezes que vou produzir alguma coisa sincera (às vezes nem precisa ser muito sincera) meu pensamento sofre as dores do parto. Nunca é fácil, mesmo quando chego a ficar desesperada para pôr alguma coisa no papel, mesmo quando as palavras estão pulando dos meus dedos, ainda assim eu sinto dor, ainda assim é difícil e aflitivo.
Será que é para ser assim? Será que as outras pessoas conseguem escrever sem sofrer? Como será isso, escrever de verdade sem sentir dor? Talvez seja por isso que estou sempre de mal com o que escrevo, é uma depressão pós-parto que me faz rejeitar minha criação, como uma mãe que não consegue pegar no colo o filho indesejado que lhe foi imposto. Mas me pergunto se escrever mais fácil é escrever melhor. Talvez se eu escrevesse sem sofrimento não só escreveria muito pior como também não me daria conta da mediocridade dos meus escritos. Mas talvez não.
That's The Way—It Should Have Begun! But It's Hopeless - Roy Lichtenstein
Gostaria de acreditar que realmente o poeta é um fingidor e finge tão completamente que chega a fingir que é dor a dor que deveras sente. Minha vaidade adoraria. Porém é mais provável que eu esteja simplesmente pensando demais para escrever, como faço em tudo na vida, superanalisando tudo que me acontece. Talvez se eu não tentasse tanto me esconder, me proteger, me cercar e me encouraçar, eu pudesse escrever como quem respira. Se eu não tivesse medo, medo do ridículo, da dor, do incerto, da mudança. Medo principalmente dos outros e os outros, convenhamos, são temíveis. Acho que só é realmente livre quem não tem medo de nada.
Mas aí se tem um contra-senso: sobre o que vai escrever alguém que não tem medo de nada?
Será que é para ser assim? Será que as outras pessoas conseguem escrever sem sofrer? Como será isso, escrever de verdade sem sentir dor? Talvez seja por isso que estou sempre de mal com o que escrevo, é uma depressão pós-parto que me faz rejeitar minha criação, como uma mãe que não consegue pegar no colo o filho indesejado que lhe foi imposto. Mas me pergunto se escrever mais fácil é escrever melhor. Talvez se eu escrevesse sem sofrimento não só escreveria muito pior como também não me daria conta da mediocridade dos meus escritos. Mas talvez não.
That's The Way—It Should Have Begun! But It's Hopeless - Roy Lichtenstein
Gostaria de acreditar que realmente o poeta é um fingidor e finge tão completamente que chega a fingir que é dor a dor que deveras sente. Minha vaidade adoraria. Porém é mais provável que eu esteja simplesmente pensando demais para escrever, como faço em tudo na vida, superanalisando tudo que me acontece. Talvez se eu não tentasse tanto me esconder, me proteger, me cercar e me encouraçar, eu pudesse escrever como quem respira. Se eu não tivesse medo, medo do ridículo, da dor, do incerto, da mudança. Medo principalmente dos outros e os outros, convenhamos, são temíveis. Acho que só é realmente livre quem não tem medo de nada.
Mas aí se tem um contra-senso: sobre o que vai escrever alguém que não tem medo de nada?