"Para mim que sou espiritualmente filho do Oriente e do Ocidente, a dignidade humana consiste nos seguintes fatos, que distiguem os homens dos animais. Primeiro, que tem uma desportiva curiosidade e um gênio natural para explorar o conhecimento; segundo, que tem sonhos e um elevado idealismo (às vezes vago, ou confuso, ou errôneo, é certo, mas valioso de qualquer modo); terceiro, e isto é o mais importante, que pode corrigir seus sonhos pelo senso do humor, e restringir assim seu idealismo por meio de uma realismo mais robusto e mais sadio; e finalmente, não reage mecânica e uniformemente ante o que o cerca, como o fazem os animais, mas possui a capacidade e a liberdade de determinar suas próprias reações e modificar à vontade o que o rodeia.
(...)
Em suma, minha fé na dignidade humana consiste da crença de que o homem é o maior vagabundo que existe sobre a face da Terra. A dignidade humana deve estar associada à imagem de um vagabundo e não à de um soldado obediente, disciplinado e arregimentado. O vagabundo é provavelmente o tipo mais glorioso de ser humano, assim como o soldado é o tipo mais baixo, segundo essa concepção. (...) O vagabundo será o último e mais formidável inimigo das ditaduras. Será o campeão da dignidade humana e da liberdade individual e será o último a ser conquistado. Toda a civilização moderna depende inteiramente dele."
Lin Yutang, A Importância de Viver